Diana Rosalba Sarafian vai detalhar experiência do país no setor durante painel no evento realizado em parceria entre a ABES e a DIRSA.
Por Jéssica Marques
A vice-presidente da Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental – AIDIS Argentina e diretora da Divisão de Resíduos Sólidos -DIRSA, Diana Rosalba Sarafian, vai participar do 14º Seminário Nacional de Resíduos Sólidos. A especialista estará entre os convidados internacionais no I Painel Internacional de Resíduos Sólidos, que será realizado online entre os dias 16 e 18 de março de 2021.
O evento é fruto de uma parceria entre a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES e a DIRSA. As inscrições podem ser feitas no site do evento (acesse aqui).
Na ocasião, os palestrantes abordarão o impacto da covid-19 no setor de resíduos sólidos na região da América Latina e Caribe, trazendo experiências e medidas aplicadas em relação à geração, coleta e tratamento de resíduos, regulação dos serviços, impacto na saúde dos trabalhadores do segmento e as consequências do processo na sociedade.
Atualmente, Rosalba é diretora técnica da Divisão de Resíduos da DIRSA da AIDIS Argentina. Também é consultora e chefe dos projetos da GIRSU com financiamento internacional. É engenheira civil pela Universidade Nacional de Buenos Aires. Também é mestre em Administração de Empresas pela U.P., com pós-graduação em Gestão Estratégica.
Além disso, é especialista em Resíduos com mais de 20 anos de experiência no tema, com pós-graduação em Resíduos Sólidos e Perigosos pela Universidade Autônoma do México (UNAM), com uma bolsa de estudos da Japan International Cooperation Agency – JICA.
Durante o painel, Rosalba vai dar uma visão local de como Buenos Aires realizou o tratamento dos resíduos sólidos em meio à pandemia, dando continuidade ao serviço, que foi considerado como “essencial”. A palestrante também vai falar sobre como as diretrizes para a atividade foram estabelecidas.
Confira a entrevista, na íntegra:
ABES Notícias– Quais são as suas expectativas em participar do I Painel Internacional de Resíduos Sólidos?
Diana Rosalba Sarafian – É um prazer para mim participar deste evento e especialmente saber como a gestão de resíduos em 2020 tem sido abordada nos diferentes países da América Latina e como cada país tem trazido soluções para o tratamento de resíduos em meio à pandemia de covid-19.
ABES Notícias – Em sua opinião, qual é a importância da realização deste evento?
Diana Rosalba Sarafian – Todos os eventos organizados pela ABES, capítulo brasileiro da AIDIS, são mais do que interessantes devido à quantidade e qualidade do público e dos profissionais que os acompanham dos mais diversos setores do saneamento. Têm uma abordagem técnica elevada e a pluralidade de vozes que os caracteriza.
ABES Notícias – Que contribuições sua participação trará para o evento?
Diana Rosalba Sarafian – Trazer uma visão local de como Buenos Aires realizou o tratamento de seus resíduos em meio à pandemia, com diferentes soluções que deram continuidade ao chamado serviço “essencial” e como as diretrizes para o tratamento foram rapidamente estabelecidas, como a elevação da capacidade instalada das empresas de resíduos patogênicos para qualquer eventualidade que pudesse acontecer.
Por outro lado, ouvir e compartilhar uma perspectiva regional sobre o tema dos resíduos sólidos urbanos e dos resíduos patogênicos nesta ocasião particular é sempre encorajador e um fator de crescimento profissional.
ABES Notícias – Qual foi o impacto da pandemia do coronavírus na gestão de resíduos sólidos na Argentina?
Diana Rosalba Sarafian – No que diz respeito aos resíduos sólidos urbanos, notamos uma diminuição devido à chamada “quarentena” que tivemos durante mais de seis meses, que incluiu a interrupção da circulação de pessoas, do comércio, turismo e uma queda no consumo. Por outro lado, houve um aumento acentuado dos resíduos patogênicos. Tudo isso será o tema da minha apresentação no painel.
ABES Notícias – Quais foram as principais medidas adotadas neste período na área de geração, coleta e tratamento de resíduos?
Diana Rosalba Sarafian – Havia uma variedade de regulamentos e protocolos a seguir que foram emitidos rapidamente nos meses de março e abril, que previam todas as contingências. O mais importante é que foi declarado “serviço essencial” para que pudéssemos trabalhar muito bem na coleta, transporte, tratamento e descarte.
ABES Ntícias – O que foi feito em prol da saúde dos trabalhadores que coletam os resíduos sólidos?
Diana Rosalba Sarafian – Os trabalhadores do sistema de Higiene Urbana estão trabalhando com todas as medidas preventivas necessárias. Por exemplo, horários de trabalho escalonados na saída de suas bases operacionais, a fim de evitar aglomerações e concentração de pessoal. Os caminhões são higienizados antes dos passeios com atenção especial aos pontos de contato que o motorista tem: volante, assento, freio de mão, corrimãos etc.
A limpeza de ruas, calçadas, contêineres, parques, praças e mobiliário urbano em toda a cidade de Buenos Aires, tais como abrigos de ônibus e bancos localizados em vias públicas, foi intensificada. Medidas de precaução extraordinárias foram incorporadas, como o desinfetante hipoclorito de sódio, para evitar a propagação do vírus.
Por outro lado, foram fornecidas recomendações especiais para a população, para o manejo do lixo doméstico de pacientes em quarentena nas residências, em caso de suspeita ou confirmação de ter contraído a covid-19: suspender a separação dos resíduos em casa para evitar o transporte do vírus; mudar para um sistema de saco triplo para coleta; e manter os resíduos em casa por 72 horas.
ABES Notícias – Como são geridos os resíduos sólidos na Argentina?
Diana Rosalba Sarafian – A República da Argentina está dividida em 23 províncias e a Cidade Autônoma de Buenos Aires, e tem atualmente uma população de 45.000.000 de habitantes.
Na Argentina, a gestão de resíduos sólidos urbanos é regulamentada pela Lei Nacional de Orçamentos Mínimos número 25916, sobre gestão de resíduos domésticos, que data de 2004 e coloca este serviço nas mãos dos municípios.
Temos 2.300 municípios e a lei de orçamentos mínimos visa uma gestão integral dos mesmos, propiciando recuperação e promovendo a minimização na geração e disposição final. Em termos gerais, eles incluem resíduos de residências e centros comerciais, escritórios e indústrias que, dada a sua composição, são comparáveis aos gerados em residências particulares.
A população, altamente concentrada no setor urbano (90%), relata uma cobertura de coleta de resíduos sólidos urbanos de 99,8%. A taxa de disposição final em aterros sanitários é de 64,7% e uma taxa de geração de 1,15 kg por habitante por dia de resíduos sólidos urbanos (BID-AIDIS-OPS).
As principais áreas metropolitanas de cada província têm um sistema integrado de gerenciamento de resíduos e em muitas delas a transferência e a disposição final são regionalizadas.
ABES Notícias – Quais são as experiências mais bem sucedidas no setor de resíduos sólidos na Argentina?
Diana Rosalba Sarafian – Sem dúvida, as experiências de maior sucesso estão em Buenos Aires e na Região Metropolitana, que foi pioneira no gerenciamento integrado de resíduos. Por exemplo, temos sido capazes de trabalhar durante anos na inclusão social de coletores de resíduos urbanos, na separação porta a porta e na classificação de resíduos que podem ser reciclados por meio da criação de cooperativas de trabalho ou também em associações civis de bairro para trabalhar em pequenos locais de separação e classificação.
Em termos de tecnologia, há a separação na origem dos agregados na cidade de Buenos Aires, o poder de ter complexos ambientais que recuperam o biogás e o transformam em energia para a rede do sistema interligado nacional e outras tecnologias de tratamento de resíduos para convertê-los em recursos sob o conceito de economia circular.
ABES Notícias – De modo geral, o que poderia ser feito para melhorar o sistema de resíduos sólidos da Argentina, em sua avaliação?
Diana Rosalba Sarafian – Há um plano federal de aterros a céu aberto em andamento articulado pelo Governo Nacional com os governos locais, com o objetivo de eliminar os aterros a céu aberto nos municípios e, por outro lado, avançar com a construção de complexos socioambientais
Deve-se avançar no fortalecimento de algumas províncias que ainda não possuem um sistema de gestão abrangente, especialmente em termos de disposição final, e incentivar a nível local a recuperação e a separação na fonte.
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