Os especialistas trouxeram experiências e medidas aplicadas em relação à geração, coleta e tratamento de resíduos, regulação dos serviços, impacto na saúde dos trabalhadores do segmento e as consequências do processo na sociedade.
Por Jéssica Marques
Foi realizado na tarde desta terça-feira, 16 de março, o I Painel Internacional de Resíduos Sólidos. O evento integra o 14º Seminário Nacional de Resíduos Sólidos da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES.
O seminário está ocorrendo nesta semana em parceria com a Divisão de Resíduos Sólidos – DIRSA, da Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental – AIDIS.
Durante o painel, os palestrantes falaram sobre o impacto da covid-19 no setor de resíduos sólidos na região da América Latina e Caribe, trazendo experiências e medidas aplicadas em relação à geração, coleta e tratamento de resíduos, regulação dos serviços, impacto na saúde dos trabalhadores do segmento e as consequências do processo na sociedade.
“Temos o prazer de receber especialistas do Brasil, de outros países da América Latina e da Europa para debater o cenário de enfrentamento a covid-19”, afirmou Heliana Katia Campos, coordenadora da Câmara Temática de Resíduos Sólidos da ABES, durante a abertura do painel.
Brasil: impacto da covid-19 na geração e coleta dos resíduos sólidos urbanos nas capitais brasileiras
O professor coordenador do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, de Portugal, Mario Russo, apresentou uma pesquisa patrocinada pela ABES, por meio da Câmara Temática de Resíduos Sólidos, sobre o impacto da pandemia de covid-19 no setor de resíduos sólidos. O levantamento considera dados de 27 capitais do Brasil, por meio de inquéritos estruturados enviados aos setores ou departamentos de Limpeza Urbana das Prefeituras, após março de 2020.
“É um prazer enorme estar aqui convosco e é um prazer enorme fazer parte dessa equipe de pesquisa”, iniciou Mario Russo. “Vamos dar um pequeno panorama deste trabalho realizado no ano passado, para saber qual o impacto da pandemia no setor de resíduos sólidos no Brasil”, afirmou também, antes de apresentar os resultados da pesquisa.
O estudo foi realizado por uma equipe composta por Fernando Juca, Geraldo Reichert, Heliana Kátia Tavares Campos, José Alberto da Mata Mendes, Mário Saffer e o professor Mário Russo, com apoio de Lara da Costa.
Após a apresentação de Mário Russo, o engenheiro sanitarista José Alberto Mota Mendes representou a ABES e continuou detalhando os dados obtidos por meio da pesquisa. O profissional também integrou o estudo.
“Primeiro gostaria de dizer que é um prazer estar aqui, agradecer essa oportunidade que a gente tem. Agradecer a ABES e a toda equipe e agradecer também ao serviço de limpeza urbana, que nos propiciaram as informações”, disse Mendes.
“A gente acabou montando um questionário que pudesse atender a todas as capitais e eu gostaria de ressaltar aqui o caráter não estatístico desse trabalho”, explicou também. “Foram dados obtidos diretamente pela equipe, junto aos órgãos responsáveis pela gestão dos resíduos sólidos, por meio de um ofício enviado pela Câmara Temática da ABES”.
Representando a AIDIS diretamente da República de El Salvador, Guillermo Umaña falou sobre “As políticas públicas e a abordagem da problemática dos resíduos na região da América Central”. Segundo o palestrante, os países que apresentam melhor infraestrutura sanitária responderam melhor à pandemia do que aqueles que não estavam tão estruturados neste setor.
“Estamos um pouco mais ao norte de Manágua e vou contar para vocês como a pandemia de covid-19 nos pegou. Segundo o Atlas de Resíduos Sólidos Mundial, aqui estabeleceram-se os maiores lixões da América Latina. É uma pesquisa de 2013, e aparecem três grandes na América Central. Essa é a condição de ter lixões ou aterros nas grandes capitais. Não conseguimos grande infraestrutura de engenharia sanitária para dar resposta ou segurança para a saúde pública e para o meio ambiente. É uma situação precária, que nos faz pensar em nossa população”, disse, no início da apresentação.
O diretor interamericano da DIRSA, Geovanis Arrieta Bernate, representou a Colômbia no painel. O palestrante falou sobre as diretrizes estabelecidas pelo governo colombiano com relação à gestão dos resíduos sólidos neste contexto de pandemia. Além disso, Bernate também abordou o impacto que a covid-19 está trazendo para a cidade de Bogotá.
“Tomaram medidas com relação a vencer essa pandemia e tentar solucionar a situação. Na Colômbia, formularam alguns alinhamentos, resoluções e circulares, a partir dos diferentes ministérios, para poder administrar a pandemia”, relatou Bernate.
Confira a entrevista com o palestrante
O painel também contou com a participação do coordenador da DIRSA Peru, Marcos Alegre. Na ocasião, o palestrante detalhou como é feito o gerenciamento dos resíduos sólidos no país e as medidas tomadas em meio à pandemia de covid-19. O coordenador também falou sobre a evolução das políticas e regulamentações do setor nos últimos quatro anos.
“Agradeço aos organizadores por nos reunir em torno deste tema tão apaixonante para nós e garantir que nossas cidades estejam limpas. Eu vou comentar sobre resíduos sólidos e covid-19 no Peru, começando pela descrição do contexto no qual estamos”, iniciou.
Confira a entrevista com o palestrante
Gustavo Solórzano também participou do painel representando a AMICA-DIRSA/AIDIS, diretamente do México. O palestrante detalhou a situação do setor de resíduos sólidos no país, sob diversos aspectos.
“É um privilégio estar com todos os amigos e amigas da DIRSA e junto a todos os participantes deste seminário importante. Nesta apresentação, farei comentários a respeito de resíduos sólidos e a covid-19”, introduziu.
A engenheira civil Mariana Robano, codiretora da DIRSA, representou o Uruguai no painel e detalhou as ações realizadas no setor em Montevidéu durante a pandemia de covid-19. O tema da apresentação foi “uma gestão resiliente de resíduos sólidos diante da emergência sanitária: o caso de Montevidéu”.
“Parabéns pelo desenvolvimento deste congresso. Vou falar sobre um estudo que realizei no ano passado, focado em avaliar a resiliência do sistema de gestão de resíduos para Montevidéu, cidade onde eu nasci”, explicou.
Confira a entrevista com a palestrante
A vice-presidente da AIDIS Argentina e diretora da DIRSA, Diana Rosalba Sarafian, falou sobre o gerenciamento de resíduos sólidos em meio à pandemia de covid-19 em Buenos Aires. A palestrante detalhou também como as diretrizes para a atividade foram estabelecidas na cidade.
“Vamos conversar sobre esse tema no qual trabalhamos todos os dias. O tema da apresentação é ‘Resíduos e Pandemia: Buenos Aires e Argentina’. Vou me referir especificamente a 2020, comparando a 2019, e ver que conclusões podemos obter com relação à covid-19.”
Confira a entrevista com a palestrante
Representando o Equador, o engenheiro civil Lenin Villalba falou sobre o impacto da pandemia nos sistemas de gerenciamento de resíduos sólidos do Equador e da capital, Quito.
“É uma honra fazer parte deste evento e poder compartilhar a experiência sobre o manejo de resíduos sólidos no Equador durante a pandemia de covid-19. Pudemos criar duas exposições. Meu colega Francisco vai falar a seguir a respeito especificamente da cidade de Quito e eu vou falar de um modo geral dos protocolos especificamente desenhados para este contexto no Equador.”
Confira a entrevista com o palestrante
A apresentação foi feita em conjunto com o representante da DIRSA – Equador, Francisco De La Torre, que também detalhou as medidas adotadas e o impacto da pandemia nos sistemas de gerenciamento de resíduos de Quito, capital do Equador, e do país.
“Em primeiro lugar eu gostaria de agradecê-los por permitir que estejamos todos aqui apresentando este seminário de resíduos sólidos. É importante sempre ver os amigos e compartilhar com eles”, disse, antes de iniciar as apresentações.
Dicas, comentários e sugestões