No Iº Painel do Workshop “Mudanças Climáticas e a Gestão do Carbono no Saneamento”, realizado em Belo Horizonte, foram discutidos os impactos das ondas de calor, secas e tempestades sobre as atividades de saneamento, com ênfase nos riscos e oportunidades associados. O engenheiro e moderador Nelson Guimarães destacou como dados e estudos apresentados permitem criar cenários e prognósticos, que se tornam ferramentas essenciais para avaliar os riscos corporativos frente aos eventos climáticos extremos.
“Um dos objetivos do Workshop é buscar o engajamento de todas as empresas de saneamento, que são importantes atores nesse processo de descarbonização. Para isso, estamos buscando padronizar as metodologias das empresas para viabilizar a realização dos inventários de gases de efeito estufa. Os inventários permitem conhecer onde estão sendo emitidos mais gases que podem estar contribuindo com o aquecimento global e as mudanças climáticas. Conhecendo melhor o problema temos condições de ser mais assertivos no plano de mitigação ou redução dessas emissões”, explicou.
De acordo com o palestrante Felipe Bittencourt, CEO da Way Carbon, embora os eventos climáticos extremos e seus impactos no saneamento estejam se tornando mais frequentes, o risco climático ainda é pouco considerado nas estratégias do setor de saneamento. “O Brasil tem suas metas para atingir até 2030 e um dos pilares para isso é o saneamento. Precisamos de planejamento estratégico de longo prazo para tentar mitigar os efeitos do clima nas atividades do setor e alcançar as metas estabelecidas”, disse.
Em seguida, o palestrante e Coordenador de Projetos Clima na ICare, Victor Pires Gonçalves, afirmou que os eventos climáticos extremos serão o segundo maior problema para os negócios das empresas, somando perdas inestimáveis. “Estamos vivendo um novo ‘normal’ com temperaturas cada vez mais altas e precisamos fazer um bom diagnóstico, para definir um planejamento com metas de mitigação e adaptação aos eventos extremos”, avaliou.
Para João Paulo Saboia, palestrante e pesquisador da Lactec, que apresentou estudos de modelagens climáticas, é muito importante conhecer os erros e limitações dos dados coletados e medidos, diante da imprevisibilidade dos eventos extremos. “Conhecer o passado serve de referência para as medições futuras e auxilia nas projeções, mas o planejamento de dados não é um problema resolvido”, defendeu.
Em seguida a palestrante Natália Costa Flecher, Gerente de Meio Ambiente, Qualidade e Mudanças Climáticas da Iguá Saneamento, apresentou a avaliação de riscos e oportunidades climáticas da empresa, que opera em 18 municípios, distribuídos em 6 estados. Ela contou que na busca por recursos para ampliar o atendimento e a universalização a Iguá sempre enfrentava questionamentos sobre o planejando de suas atividades em relação aos eventos extremos, o que levou a empresa a fazer a análise de riscos e desenvolver um plano de adaptação.
Nelson ressaltou ainda que há um enorme déficit com relação a prestação dos serviços, principalmente tratamento de esgoto. E a busca pela universalização e a expansão desses serviços pode gerar aumento de emissões. O desafio é desenvolver uma estratégia capaz de garantir a universalização, sendo também mais eficiente em relação a gestão de carbono.
Nesse cenário, Nelson ressalta que o setor precisa se adaptar e se valer de ferramentas para avaliação de vulnerabilidade e conhecer bem o seu risco. Assim, poderá se esforçar para mitigar esses riscos, se planejar e adaptar a esse momento de maior convívio com eventos extremos” concluiu.