A solenidade de abertura do evento aconteceu nesta terça-feira (7), na FESPSP, com transmissão ao vivo, em plataforma digital exclusiva, com grande audiência online. Tomados pelo sentimento de solidariedade aos cidadãos do Rio Grande Sul, autoridades ressaltaram a importância de aproveitar a transversalidade que a gestão de resíduos sólidos representa para atenuar seus impactos ambientais e os reflexos nas mudanças climáticas, promovendo a construção de cidades mais inteligentes e sustentáveis no Brasil.
A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), em parceria com a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), realizou nesta terça-feira, 7 de maio, a cerimônia de abertura do 1º Congresso Internacional de Resíduos Sólidos. Realizado no formato híbrido, presencialmente, lotando o auditório da FESPSP e mais cinco salas, e online, em plataforma exclusiva, esta edição inaugural sob o tema “Gestão Sustentável de Resíduos Sólidos: Construindo Cidades Inteligentes” marca a união do 16º Seminário Nacional de Resíduos Sólidos e o IV Simpósio Internacional de Resíduos de Saúde. O evento acontece até quinta (9). Confira o álbum de fotos do evento.
O 1º Congresso Internacional de Resíduos Sólidos, segundo os organizadores, visa abordar os desafios contemporâneos enfrentados pelas cidades em relação aos resíduos sólidos, transformando-os em oportunidades para um futuro mais sustentável. Um dos pontos de destaque desta primeira edição é a participação de palestrantes internacionais de renome, vindos de países como Espanha, Portugal e Peru, que vão compartilhar suas experiências e insights para enriquecer os debates com os profissionais brasileiros.
Para as saudações iniciais, a solenidade oficial deste primeiro congresso contou com participação do professor Elcires Pimenta Freire, coordenador do congresso pela FESPSP; Roseane Garcia Lopes de Souza, coordenadora do congresso pela ABES, coordenadora da Câmara Temática de Resíduos Sólidos da entidade e diretora da ABES SP; e Luiz Pladevall, presidente da ABES-SP.
Em seu discurso de boas-vindas, agradecendo à ABES pela parceria profícua, Pimenta ressaltou a importante oportunidade de debater este tema, na sede da FESPSP, neste processo histórico de construção da Política de Saneamento, lembrando a tragédia que acomete todos os cidadãos do Rio Grande do Sul e que denota a necessidade de atuarmos para mais sustentabilidade nas cidades. “Que este congresso consiga trazer as contribuições ao desenvolver essa política tão cara, tão complexa e difícil para o nosso País”, salientou.
Atenção para a transversalidade
Nas considerações de Roseane Garcia, a agenda deste primeiro congresso traz os mais renomados especialistas para tratar deste tema transversal, que compõem uma área que está representada em várias instâncias da sociedade brasileira. “É uma área que chamamos de pulverizada, por isso precisamos nos empenhar nesta temática pela diversidade de questões e diretrizes de políticas que precisamos fazer. Portanto, este primeiro congresso, agregado aos 16º Seminário Nacional de Resíduos Sólidos e o IV Simpósio Internacional de Resíduos de Saúde, vem para nos ajudar nesse esforço nacional para implementar as ações necessárias”, pontuou a coordenadora.
Lembrando o trabalho significativo da ABES e suas equipes envolvidas com a área de resíduos e toda a contribuição que conseguem oferecer em nível nacional, Luiz Pladevall comentou que, infelizmente, a área de resíduos no Brasil ainda tem muito o que fazer. “Precisamos pensar em um esforço nacional que possa fornecer mais recursos e estimular uma legislação mais focada na logística reversa, pois quando falamos sobre resíduos, pensamos que ele impacta diretamente o meio ambiente e as mudanças climáticas”, mencionou.
Segundo Pladevall, hoje, a situação inusitada que está acontecendo no Rio Grande Sul demonstra que o impacto do resíduo no meio ambiente vai afetar a mudança climática. “Então, precisamos pensar em tudo o que precisa ser feito para além do tratamento de água e esgoto, visando evitar que as mudanças climáticas tragam mazelas para a sociedade. O saneamento ambiental é fundamental neste âmbito”, destacou. Ele deixou como reflexão o que este primeiro congresso pode deixar de legado para a melhora do saneamento e dos resíduos no país.
Dando continuidade à abertura inaugural do 1º Congresso Internacional de Resíduos Sólidos, a solenidade contou com presença de autoridades ligadas aos setores de saneamento, resíduos e meio ambiente: Alceu Guérios Bittencourt, presidente Nacional da ABES; Natália Resende, secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil); Ronaldo S. Camargo, subsecretário de Estado de Convênios com Municípios e Entidades Não Governamentais e secretário-executivo do Fundo Metropolitano de Financiamento e Investimentos do Governo de São Paulo; Eduardo Rocha Dias Santos, diretor do Departamento de Gestão de Resíduos da Secretaria Nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental; Alexandre Anderáos, superintendente Adjunto de Regulação e Saneamento Básico na Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA); Osmário Ferreira da Silva, secretário executivo da Secretaria Executiva de Limpeza Urbana SELIMP/ SMSUB; e Ronaldo Malheiros Figueira, conselheiro do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).
Integração com as mudanças climáticas
Em seu pronunciamento, Natália Resende destacou sobre os pontos que interligam as ações da Semil com os esforços de entidades como a ABES e a FESPSP na promoção de eventos que tratem da temática dos resíduos sólidos. “Estamos tratando de um tema que é de uma importância ímpar para o Estado de São Paulo e para o Brasil, no sentido de que temos que discutir, entender os problemas, fazer os diagnósticos, aprender com o que está sendo feito lá fora também para agregar, mas, sobretudo, pensar e agir, olhando a questão de forma transversal”, ressaltou.
Entre as suas considerações, a executiva explicou como a Semil tem trabalhado a questão dos resíduos, especialmente dentro do seu Plano de Ação Climática com perspectiva de implantação até 2050, composto por eixos que contemplam indústria, uso do solo, energia, transporte, finanças verdes e resíduos. “Os resíduos representam um dos pilares de ação climática exatamente pela sua importância e por termos que olhar para os resíduos de forma transversal”, declarou.
Na sequência, Ronaldo Malheiros Figueira, do Confea, parabenizou os organizadores do congresso pela excelente iniciativa, destacando que o Sistema Confea/Crea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia e Conselho Estadual de Engenharia e Agronomia) por abarcar os profissionais de engenharia e das geociências tem uma interface grande com as discussões do saneamento ressaltando a importância de estreitar esse laço para ampliar os debates desse tema tão importante. “Desejamos um bom evento nos comprometendo a multiplicar os profissionais que vão se unir nessa discussão”, expressou.
Ao fazer uso da palavra, Osmário Ferreira da Silva, da SELIMP/SMSUB, usando o cenário de calamidade no Rio Grande do Sul afirmou que o tema de resíduos sólidos é de grande complexidade e se une atualmente à questão das mudanças climáticas denotando que não temos mais mudanças, mas, sim, emergências climáticas. “Em São Paulo temos o Plano Integrado de Resíduos Sólidos (PIGRS), que está em revisão, mas em breve teremos a oportunidade de pensar nos resíduos como uma questão que gera renda e emprego, por isso as pessoas não podem ser apartadas da questão dos resíduos sólidos”, exemplificou, entre outras informações que compartilhou com os participantes do congresso.
Em seguida, Alexandre Anderáos, da ANA, comentando sobre os eventos extremos que o RS tem passado nos últimos dias, fez a reflexão de que a boa gestão dos resíduos sólidos urbanos tem uma íntima relação com a drenagem urbana no sentido de mitigar as enchentes, inundações e alagamentos. “É um setor muito importante para impedir esses grandes desastres”, explicou. Ele informou sobre algumas ações da ANA que estão focadas na área de RSUs, tanto que as Normas de Referências nº 1 e nº 7 da ANA são sobre Resíduos Sólidos Urbanos. “Para avançarmos na universalização esse serviço de gestão de RSUs precisa ter uma sustentabilidade econômico-financeira para arcar com os custos dos serviços, além de indicadores e ampla participação técnica e social”, observou.
O diretor do Departamento de Gestão de Resíduos, do MMA, Eduardo Rocha Dias Santos, parabenizou os organizadores e a importância de promover esses diálogos destacando que o Governo Federal tem participado desses encontros com o objetivo de pacificar e harmonizar a legislação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), especialmente no que tange à logística reversa. “É muito relevante estarmos presentes neste primeiro congresso para contribuir com esse assunto”, frisou relembrando algumas das iniciativas do MMA para consolidar a PNRS. “Quando falamos de resíduos sólidos temos que pensar que o País todo tem que trabalhar em torno disso. Implantar a logística reversa é um desafio nacional e cada um tem que fazer a sua parte, principalmente o setor empresarial. Estamos atuando para avançar na gestão de resíduos e pensar em um sistema global que seja mais ambientalmente sustentável, em especial para a questão dos plásticos, entre outras inovações e oportunidades para o Brasil”, explanou.
Representando também uma das secretarias do Governo de São Paulo, Ronaldo Camargo, parabenizou a ABES e a FESPSP pela realização do congresso, que pela primeira vez, discutirá profundamente ao longo dos três dias a questão dos resíduos. “É uma área que ainda temos muito que fazer, não só na questão de valorizar os resíduos sólidos, como também tentar alternativas mais eficazes de tratamento de lixos a partir de seus geradores, quer sejam pequenos ou grandes”, expôs. O executivo apresentou uma retrospectiva dos trabalhos da sua secretaria em prol do setor no estado paulista.
Mobilização assertiva
Para finalizar a mesa de abertura, Alceu Bittencourt, presidente Nacional da ABES, mostrou sua satisfação em realizar o evento com o volume considerável do público participante que estava presente no auditório, assim como os que estavam e a distância, acompanhando o congresso online. Ele destacou também a importância da parceria com a FESPSP, que tem dado muitos frutos e a perspectiva de continuidade, bem como todo o apoio da ABES-SP e sua diretoria para que a ABES Nacional leve em frente muitas das iniciativas que estão em andamento.
Ao ressaltar sobre a oportunidade da realização do 1º Congresso Internacional de Resíduos Sólidos, Bittencourt comentou sobre o papel da Câmara Temática de Resíduos Sólidos, considerada uma das mais ativas na associação, hoje, coordenada pela Roseane Garcia, que junto com uma equipe formada principalmente por mulheres, tem conseguido estruturar uma discussão de política de resíduos e, hoje, por conta disso, a ABES tem uma presença muito forte nessa área.
O presidente nacional da ABES enfatizou ainda sobre a assertividade do tema central do evento: “ele fala de sustentabilidade e cidades inteligentes, duas questões que todos nós temos que citar diante do que está acontecendo no Rio Grande do Sul, pelo seu teor assustador e grau de impacto que está causando à população do estado e toda a solidariedade que vem sendo demonstrada no país. Temos que usar isso como reflexão, pois sustentabilidade hoje tem um sentido diferente, e cidades inteligentes em um país onde as cidades não são planejadas, que têm uma estrutura problemática em muitas de suas áreas, imaginarmos eventos como esse em nossas cidades nos faz pensar em quanto precisamos que o poder público e a sociedade precisam se mobilizar para enfrentar essas situações. Esse congresso, entre outras iniciativas que temos nos dedicado, tem o objetivo de colaborar nesse sentido”, expressou.
O congresso, que vai até esta quinta (9), conta com o patrocínio da Mútua – Caixa de Assistência dos Profissionais do CREA, Agência Reguladora dos Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), UTD Suzano, AST – Serviços, Soluções e Tecnologia em Meio Ambiente e Envex – Engenharia e Consultoria, além do apoio da Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (AIDIS).
Confira a programação aqui.
O 1º Congresso Internacional de Resíduos Sólidos ficará disponível para acesso dos inscritos por três meses após seu término.