Com projeto revolucionário, um Rover Aquático destinado ao monitoramento da qualidade da água em regiões isoladas, Manoel conquistou o cobiçado People’s Choice Award, recebendo mais de 400 mil votos.
A Semana Mundial da Água de 2024 foi palco de um dos eventos mais aguardados no calendário global de jovens inovadores: a Etapa Internacional do Prêmio Jovem da Água de Estocolmo. Realizada no dia 27 de agosto, a cerimônia de premiação deste ano foi marcada pela presença da família real sueca e contou com participação de mais de 40 países, cada um representado por estudantes que se dedicam a criar soluções inovadoras para os desafios hídricos globais. Entre eles, o Brasil brilhou intensamente com o talento de Manoel José Nunes Neto, estudante piauiense de 17 anos que levou a ciência jovem brasileira a um novo patamar.
Manoel desenvolveu um projeto revolucionário: um Rover Aquático destinado ao monitoramento da qualidade da água em regiões isoladas, que deu a ele o primeiro lugar na etapa nacional da premiação, realizada no Brasil pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), por meio do programa Jovens Profissionais do Saneamento (JPS), e pela pela Câmara Brasileira de Comércio na Suécia (Brazilcham Sweden).
Inspirado pelas notícias devastadoras sobre a contaminação por mercúrio nas comunidades ribeirinhas e entre os yanomami, o jovem piauiense, aluno do Colégio São Francisco de Sales Diocesano, decidiu criar uma solução acessível que pudesse fornecer informações cruciais sobre a qualidade da água nessas áreas. O Rover Aquático, equipado com sensores avançados, permite que as comunidades locais e órgãos de controle monitorem – de forma eficaz e contínua – os parâmetros da água, promovendo a saúde pública e a preservação ambiental.
A grandiosidade do projeto de Manoel – orientado pelo professor Eduardo Alves da Silva Carvalho – foi reconhecida mundialmente, e ele conquistou o cobiçado People’s Choice Award, recebendo mais de 400 mil votos. Este feito não só elevou o nome do Brasil no cenário internacional, mas também destacou o Nordeste como um celeiro de inovação e resiliência. A vitória de Manoel é um marco histórico para o Brasil, um triunfo que ecoa nas salas de aula, nas universidades e entre todos os jovens que acreditam no poder transformador da ciência.
Sucesso da Etapa Brasil
O Prêmio Jovem da Água de Estocolmo no Brasil tem sido, cada vez mais, uma plataforma poderosa de desenvolvimento para novas lideranças, reunindo mentes jovens em torno de uma causa comum: a proteção dos recursos hídricos. Este projeto, feito de jovens para jovens, tem como missão não apenas incentivar a pesquisa e a inovação, mas também atuar como um vetor de transformação na educação e na ciência brasileira, proporcionando oportunidades e moldando líderes que farão a diferença.
Este movimento crescente no Brasil só é possível graças ao apoio de parceiros fundamentais, como Banco do Brasil, Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Companhia Ambiental de Saneamento do Distrito Federal (Caesb), Scania, Xylem, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Instituto Iguá de Sustentabilidade, TAP Air e Teleradiology Solution e Compactor. Esses parceiros acreditam no potencial da juventude brasileira e investem em um futuro onde a inovação e a sustentabilidade caminham lado a lado.
A organização brasileira do Prêmio Jovem da Água de Estocolmo tem se consolidado como uma referência internacional, acumulando três pódios mundiais em apenas oito anos de competição. Este sucesso é fruto do trabalho árduo e do comprometimento dos voluntários, bem como do modelo de mentoria adotado, que prepara os estudantes com excelência para desafios globais. Não por acaso, o modelo brasileiro de preparação tem inspirado diversos países que buscam replicar essa fórmula de sucesso. Os antigos participantes do prêmio, os “alumni”, têm conquistado vagas em algumas das melhores universidades do mundo, como Stanford e New York University, comprovando o impacto duradouro dessa iniciativa.
Comitiva brasileira na Suécia
Em 2024, o Brasil fez história ao enviar sua maior comitiva já registrada, com 23 brasileiros que viajaram à Suécia para apoiar Manoel e participar de uma agenda internacional robusta. Mais do que uma simples participação, a presença brasileira na Suécia foi marcada por uma série de atividades técnicas e diplomáticas. Em colaboração com a Câmara Brasileira de Comércio na Suécia, a comitiva organizou uma agenda técnica focada em temas cruciais como água e reflorestamento, alinhando-se com os interesses da Cedae, a maior patrocinadora da iniciativa.
A comitiva brasileira visitou a maior estação de tratamento de água da Escandinávia, em operação contínua desde 1904. Durante essa visita, foram discutidos os desafios contemporâneos no controle da qualidade da água, abordando desde o enfrentamento aos poluentes emergentes até a universalização do saneamento e as complexidades da regulação e tarifação. Estas discussões são fundamentais para o avanço do setor de saneamento no Brasil e no mundo, e a troca de experiências com especialistas suecos proporcionou insights valiosos.
A comitiva também explorou o IVL (Instituto de Pesquisas Ambientais Sueco), um dos centros de pesquisa e inovação em saneamento mais prestigiados do planeta. Lá, os participantes puderam conhecer um laboratório de inovação e uma planta de tratamento de esgoto e reúso, que utiliza tecnologia de membranas, uma das mais avançadas no tratamento de águas residuais. A visita a uma unidade de reflorestamento também fez parte da agenda, onde foram debatidas as interações entre a preservação ambiental e a manutenção dos mananciais, fundamentais para a segurança hídrica.
Além das visitas técnicas, a comitiva brasileira teve a honra de marcar presença no Parlamento Sueco e na icônica Prefeitura de Estocolmo, onde ocorre o famoso banquete do Prêmio Nobel. Esses encontros reforçaram os laços diplomáticos e demonstraram o compromisso do Brasil com a cooperação internacional para enfrentar os desafios globais relacionados à água e ao meio ambiente.
Diálogos Técnicos Brasil-Suécia”
Para coroar essa intensa e produtiva agenda, a Câmara Brasileira de Comércio, em parceria com o JPS, organizou o evento “Diálogos Técnicos Brasil-Suécia”, um encontro que reuniu embaixadores, autoridades consulares, apoiadores, membros de academias internacionais como a KTH, e representantes da organização nacional. O evento foi uma celebração do conhecimento, proporcionando um ambiente para a troca de experiências e a construção de soluções conjuntas para os problemas que afetam ambos os países.
O Prêmio Jovem da Água de Estocolmo não é apenas uma competição; é um movimento global que transforma vidas, comunidades e nações. A jornada de Manoel José Nunes Neto é um testemunho do poder da juventude em liderar mudanças significativas e duradouras. Este é um momento de orgulho para o Brasil e um convite para que todos se unam em torno dessa causa, que é essencial para o futuro da humanidade.
Edição 2025
A agenda de 2024 se encerrou, mas os preparativos para a etapa de 2025 já estão em andamento. A organização visa desenhar uma programação ainda mais enriquecedora, capaz de conectar de forma mais profunda o Brasil e a Suécia e de explorar temáticas que ainda não receberam a devida atenção no Brasil. Além disso, eventos paralelos estão sendo planejados para acompanhar a trajetória dos ex-participantes (alumni) do prêmio pelo mundo, garantindo que o legado dessa iniciativa continue a influenciar e inspirar jovens em todos os continentes.
O Prêmio Jovem da Água de Estocolmo é mais do que um evento anual. É um catalisador para a inovação, a educação e a sustentabilidade, que coloca a juventude brasileira no centro das soluções globais para os desafios hídricos. Este é um momento para celebrar, compartilhar e continuar construindo um futuro no qual todos tenham acesso à água limpa e segura.