A ABES, por meio de sua Câmara Temática de Dessalinização e Reúso, coordenada por Renato Giani Ramos, promoverá em 23 de março, em Fortaleza, o primeiro Simpósio Nacional sobre Dessalinização e Reúso: Viabilizando Alternativas à Escassez Hídrica (Inscreva-se aqui). O encontro é uma das atividades preparatórias rumo ao Congresso ABES Fenasan 2017, o maior Encontro de Saneamento Ambiental das Américas, que ocorrerá de 2 a 6 de outubro, em São Paulo.
Na entrevista a seguir Ronaldo Stefanutti, professor da Universidade Federal do Ceará – UFCE e um dos palestrantes do evento fala sobre o tema.
ABES Notícias – Qual a importância, neste momento do Brasil e em especial do Nordeste, de discutir dessalinização e reúso como alternativas?
Ronaldo Stefanutti – É de extrema importância neste momento, discutir as duas alternativas dessalinização e reúso, em função do grande déficit hídrico ocorrido em diversas regiões do país como em São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro e em grande parte da região Nordeste do Brasil. Nesta última, destaca-se que as chuvas são insuficientes para suprir a demanda há mais de cinco anos.
Diante deste cenário, pode-se dizer que o reúso é uma prática sustentável e necessária em locais com boa disponibilidade hídrica tanto para fins industriais, urbanos e agrícola. E para regiões com escassez hídrica, como a região Nordeste, pode-se dizer que é imprescindível. Entre os inúmeros benefícios do reúso de água destaca-se o aumento da disponibilidade hídrica e a preservação de recursos naturais.
Já a dessalinização é outra alternativa a ser considerada para regiões com escassez hídrica e disponibilidade de água do mar, como é o caso da região Nordeste, tendo como consequência direta o aumento e a viabilidade da oferta hídrica.
ABES Notícias – Técnica e economicamente, já são alternativas viáveis para o país?
Ronaldo Stefanutti – O reúso tecnicamente é viável no país, principalmente o reúso industrial e urbano. O reúso industrial já está regulamento e tem sido utilizado em muitas regiões do Brasil. O reúso agrícola falta regulamentação para a prática ser adotada efetivamente. O custo da água de reúso é menor que a da água tratada nos padrões de potabilidade, considerando que, para o lançamento de qualquer efluente no ambiente o mesmo deverá atender aos padrões preconizados pela CONAMA e demais legislações. Quanto a dessalinização, esta ainda tem custo mais elevado, porém pode evitar o colapso hídrico em uma região. Tecnicamente a dessalinização já é empregada com sucesso em várias partes mundo, em regiões com escassez hídrica como o caso de Israel (Tel Aviv), Califórnia (San Diego), Singapura, Espanha (Barcelona), Chile (Antofagasta) e Arábia Saudita (Ras al-Khair). As pesquisas estão voltadas principalmente para o desenvolvimento de sistemas em que se permita a redução do custo de aproveitamento da água do mar. Em pequena escala para água salobra.
ABES Notícias – O poder público tem dado a devida atenção a estas técnicas?
Ronaldo Stefanutti – Falta a sociedade se organizar, debater e provocar o setor público em relação aos temas em questão.
ABES Notícias – Você pode mencionar alguns exemplos bem sucedidos no Ceará ou em outras partes do Brasil?
Ronaldo Stefanutti – Em termos de reúso, pode-se mencionar o caso do projeto Aquapolo que fornece água para o Polo Petroquímico de Capuava (região do ABCD Paulista); o caso da estação produtora de água de reúso EPAR II Capivari, da SANASA/Campinas- São Paulo, assim como outros exemplos na área industrial e urbana.
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